quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O Google é o Hermes da atualidade? [@sbscomunica}


           Alerta. Não estou falando do francês Hermès, ex-dono da marca e criador da famosa e “carésima” bolsa Birkin. Nesse caso, trata-se de Hermes, um dos deuses olímpicos, filho de Zeus e Maia, um deus 1001 utilidades, graças aos seus inúmeros atributos (deus da fertilidade, dos rebanhos, da magia, da divinação, das estradas e viagens, mensageiro dos deuses, patrono da ginástica, dos ladrões, dos diplomatas, dos comerciantes, da astronomia, guia das almas, etc).            
           Diz a lenda que nos templos dedicados a Hermes, bastava fazer um pergunta junto ao ouvido da sua estátua e correr para a rua para receber a resposta através da primeira frase que ouvisse. Claro que isso dependeria de interpretação e imagino as confusões que causava, mas a crença era tamanha que daí surgiu a célebre frase: “A voz do Povo é a voz de Deus”.
           Hoje, basta acessarmos o Google e teclamos algumas palavras para termos nossa resposta. É o nosso Hermes, igualmente impreciso em algumas situações, principalmente em tempos de Ctrl + C, Ctrl +V.
           O deus grego (cuidado, não estou falando de nenhum bonitão, embora suas representações exibam um belo “tanquinho”) pode ser considerado também o deus da comunicação. Como mensageiro dos deuses, uma espécie de assessor de imprensa, e patrono das estradas que, hoje, podem ser até virtuais, Hermes era reconhecido por suas habilidades de linguagem, seu discurso eloquente e persuasivo, suas metáforas e agilidade.
           Nas histórias atribuídas a ele, outra passagem merece destaque. Obrigado a jurar que só diria a verdade, concordou sem garantir que falaria toda a verdade. Talvez seja essa a inspiração da Lei Ricupero (“o que é bom a gente fatura, o que é ruim, esconde”.). Fazendo um paralelo e levando em conta o bombardeio de informações que recebemos, percebo que é o que fazemos todo o tempo. Recentemente, a Globo evitou apontar a verdade como princípio básico e entrar numa discussão filosófica. Lançou uma Carta de Princípios onde define o jornalismo como “uma atividade que produz conhecimento. Um conhecimento que será constantemente aprofundado, primeiro pelo próprio jornalismo, em reportagens analíticas de maior fôlego, e, depois, pelas ciências sociais, em especial pela História.”
           O Google entra nessa seara divulgando versões, réplicas, tréplicas... Hermes não faria melhor.  

Silvana Silva, é jornalista  e está mudando o nome da sua empresa para Acaia, sede de um dos templos dedicados  a Hermes     

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